Plantas cobrirão uma área de 5 hectares da orla, incluindo 2,5 hectares que não possuíam vegetação anteriormente. Além de aumentar a biodiversidade vegetal do bioma, as mudas também têm um papel vital na garantia de longevidade das obras de engorda da orla
Com área 100% ampliada, nova restinga de Matinhos receberá 600 mil mudas de espécies nativas Foto: IAT |
A vegetação de restinga em Matinhos, no Litoral, receberá um
reforço de 600 mil mudas nativas com o projeto de revitalização da orla da
cidade, passando dos atuais 2,5 hectares para mais de 5 hectares de área total.
O processo está em andamento há pouco mais de um ano e deve ser finalizado com
a conclusão da obra, prevista para ocorrer no segundo semestre de 2024.
Até o momento, o Instituto Água e Terra (IAT), em parceria
com o consórcio Sambaqui, grupo de empresas responsável pelo projeto após
licitação pública, plantou 287.736 mudas de diferentes espécies (48%) ao longo
dos 6,3 quilômetros de faixa de areia, entre o Morro do Boi e o Balneário
Flórida.
Por decisão judicial, parte dessas ações foi embargada após
pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama). O Governo do Paraná, por meio da Procuradoria-Geral do
Estado (PGE), está recorrendo da decisão.
O investimento na recuperação e ampliação da flora na região
é de R$ 268 mil, dentro do pacote completo de modernização da Orla de Matinhos,
cujo orçamento é de R$ 314,9 milhões.
“A nova vegetação da restinga trará muitos benefícios para o
Litoral. As plantas aumentam a vida útil da orla, ajudam a conter a erosão
eólica nas áreas do entorno e também incrementam a biodiversidade do local,
algo essencial para combater a presença de espécies exóticas invasoras, que
inibem o desenvolvimento das espécies nativas”, afirmou o diretor de Saneamento
Ambiental e Recursos Hídricos do IAT, José Luiz Scroccaro.
De acordo com levantamento mais recente do órgão ambiental,
de junho, a nova restinga já foi plantada em 3,59 hectares (35.967 metros
quadrados), ou 71,3% da área total, de 5,03 hectares (50.308 metros quadrados).
Entre as espécies estão a Blutaparon, Canavalia, Hydrocotyle e Ipomea, todas
rasteiras, próprias para o crescimento nas dunas – vegetação retirada de outros
pontos de restinga do litoral paranaense e depois transplantada para os locais
indicados no planejamento.
Além disso, foram plantadas 800 mudas de Jerivá (Syagrus
romanzoffiana) para arborizar a região e outras 8.100 mudas de Clusia (Clusia
Fluminensis) – espécie que funciona como cerca-viva para delimitar e proteger a
área de restinga e que serão retiradas em parte após a conclusão do projeto.
“Quase metade dos locais que receberão as mudas não possuíam
vegetação de restinga anteriormente. Ou seja, a área de restinga está sendo
ampliada em quase 2,5 hectares (25 mil metros quadrados)”, destacou Scroccaro.
Fauna
As novas espécies de vegetação que começam a tomar forma na
orla já trazem impactos positivos para a fauna do Litoral. É cada vez mais
comum os canteiros com plantas nativas receberem visitas de aves como
quero-quero (Vanellus chilensis) e corujas-buraqueiras (Athene cunicularia),
que constroem ninhos nas plantas, o que não era comum antes da revitalização.
Por se tratar de área onde a vegetação ainda está se
desenvolvendo, os animais que se instalaram nos locais ficam desprotegidos,
especialmente pela exposição a predadores ou mesmo à população que frequenta os
balneários. Por isso, esses locais estão sendo demarcados com placas
informativas para auxiliar na proteção dessas novas espécies que passarão a
fazer parte do ecossistema da restinga.
Orla de Matinhos
O replantio de vegetação nativa é apenas uma das
intervenções em execução na orla marítima de Matinhos. A obra de revitalização
da orla de Matinhos é feita em duas etapas, num valor total de R$ 500 milhões.
A fase inicial, com orçamento de R$ 314,9 milhões, já está
80% concluída e deverá ser entregue até o segundo semestre de 2024, e inclui a
execução de serviços de engorda da faixa de areia por meio de aterro
hidráulico, estruturas marítimas semirrígidas, canais de macrodrenagem e redes
de microdrenagem.
Além do sistema de drenagem, as obras contemplam a melhoria
da pavimentação asfáltica e recuperação de vias urbanas. O objetivo é minimizar
os impactos gerados pela combinação do desequilíbrio de sedimentos, ocupações
mal planejadas e fenômenos naturais, como chuvas fortes e ressacas que
costumeiramente atingem o Litoral.
As intervenções serão feitas ao longo de 6,3 quilômetros
entre o Morro do Boi e o Balneário Flórida. Em uma segunda etapa, ainda sem
previsão de data, será recuperado o trecho de 1,7 quilômetro entre os
balneários Flórida e Saint Etienne. Haverá, ainda, a instalação de novos
equipamentos urbanos, como ciclovia, pista de caminhada e corrida, pista de
acessibilidade e calçada.